Duas entidades, um edifício
O edifício apresenta-se como um objeto único, suspenso do solo. Sua implantação é deslocada para a direita de forma a gerar espaços de convívio voltados para o Lago Paranoá. O desnível do terreno é utilizado para a criação de duas praças. A Praça das Bandeiras, cívica, situa-se no térreo superior, voltada para a via de maior movimento (L2); A Praça dos Arquitetos, de caráter cultural, fica no térreo inferior, voltada para o Lago.
Seguindo essa lógica, a divisão interna do edifício também é separada em duas partes: o CAU, voltado para a paisagem urbana, e o IAB para a paisagem bucólica, na porção posterior do terreno. Essas naves são conectadas por um vão central, o espaço articulador do projeto, onde se encontram funções comuns às duas entidades.
Uma envoltória de alumínio abraça o conjunto e remete aos tradicionais cobogós da cidade. A pele é disposta em módulos quadrados de 30cm com fechamentos de larguras variáveis. Eles são dispostos gradativamente conforme sua opacidade – o átrio central com maior abertura e as laterais mais reservadas. Atrelada à essa membrana, um conjunto de marquises horizontais com 1,5m de largura efetua a devida proteção solar dos espaços de trabalho.
O acesso principal ao prédio se dá pela Praça das Bandeiras, no térreo superior, a partir de uma ampla passarela que atravessa o recuo frontal do lote e encaminha o visitante à recepção geral do edifício, no pilotis. Esse espaço contínuo é definido por uma linha diagonal que corta o terreno em dois níveis e convida o olhar para a paisagem, gesto que se repete nos pavimentos superiores. Nesse nível também foram dispostos o restaurante e a loja do IAB, visando atrair o público da cidade para dentro da edificação.
O térreo inferior possui um caráter próprio, construído em torno das funções públicas das duas instituições. Sua forma trapezoidal e aparência sólida estabelecem uma base firme sobre a qual o CAU e o IAB se apoiam e dialogam. Sob essa base, dilui-se a distinção entre as entidades e prevalece o convívio dos usuários. É o lugar onde vão ocorrer os principais eventos culturais e institucionais: plenárias, comissões, palestras, exposições e atividades diversas.
Dessa forma, o projeto se abre francamente para a cidade em um espaço público contínuo definido por dois momentos, duas escalas. Como em uma balança, o edifício se equilibra a partir do contraponto entre as entidades que abriga.
O partido estrutural adotado assume como premissa a tradição do concreto armado brasileiro. O edifício é dividido em duas torres, cada uma apoiada sobre quatro colunas circulares que suportam um sistema de vigas protendidas e lajes maciças. A torre central de circulação vertical efetua o travamento do sistema. Dada a limitação de gabarito local (9,5m), o sistema adotado buscou aumentar a altura dos pés direitos dos escritórios a partir da redução do conjunto de entrepiso (forro + vigas + lajes + piso elevado). Duas estruturas leves contrastam com o sistema de concreto armado: a membrana envoltória e a cobertura superior, ambas metálicas. Na cobertura foram empregadas duas vigas vagonadas para vencer o vão central, de 30 metros.